O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomou posse no Congresso Nacional neste domingo, 1º, vinte anos após sua primeira eleição. Além de apoiadores, estiveram presentes 65 delegações internacionais, ministros de negócios estrangeiros e enviados especiais. A cerimônia para o início do terceiro mandato de Lula começou com o tradicional desfile pela Esplanada dos Ministérios. O presidente apareceu no Rolls-Royce presidencial ao lado do vice, Geraldo Alckmin, a primeira-dama Janja Lula da Silva e Lu Alckmin, esposa do vice-presidente. Eles andaram com a cobertura do carro aberto e sem a tradicional cavalaria acompanhando o trajeto. Foi a primeira vez na história brasileira que um vice acompanhou o presidente dentro do mesmo carro. Tradicionalmente, o Rolls-Royce presidencial é utilizado pelo Chefe de Estado no desfile da cerimônia de posse entre a Catedral de Brasília e o Congresso Nacional. O evento contou com uma vasta operação policial, com a presença de 15 mil agentes de segurança. Além disso, o porte de armas foi proibido em Brasília. Aplaudidos ao entrar no plenário da Câmara dos Deputados, Lula e Alckmin seguiram para o centro da mesa diretora para o início da cerimônia institucional de posse. A condução da solenidade ficou por conta do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Também estiveram presentes a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, o procurador-geral da República, Augusto Aras, o vice-presidente do Congresso Nacional Lincoln Portela e Luciano Bivar, primeiro-secretário da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. Pacheco iniciou a cerimônia homenageando Pelé e o papa emérito Bento XVI, pedindo um minuto de silêncio na solenidade. Após a homenagem, os políticos se levantaram para o cantar o Hino Nacional. Lula prosseguiu fazendo a leitura do compromisso constitucional, prometendo-se a cumprir a lei e atuar em favor do povo. Em seguida, Alckmin também realizou o mesmo juramento. Com isso, Pacheco declarou Lula e Alckmin empossados como presidente e vice, às 15h06 deste domingo, 1º. Primeiro-secretário da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, Luciano Bivar realizou a leitura do termo de posse.
Durante a assinatura do termo, Lula fez uma homenagem a Wellington Dias, ex-governador do Piauí, e a população do Estado. Ele relembrou que foi presentado por Dias com uma caneta durante as eleições de 1989. Ele perdeu a corrida presidencial e as duas seguintes. Quando eleito em 2002, ele esqueceu a caneta. Na eleição de 2006, ele também havia a perdido. Contudo, em seu terceiro mandato, ele fez questão de utilizar a caneta presenteada, homenageando também sua trajetória política. Alckmin também utilizou a mesma caneta para realizar a assinatura. “Se estamos aqui é graças à consciência política da sociedade brasileira e à frente democrática que formamos. Foi a democracia a grande vitoriosa, superando a maior mobilização de recursos públicos e privados que já se viu; as mais violentas ameaças à liberdade do voto”, declarou o presidente empossado. Ele ainda ressaltou que a decisão das urnas prevaleceu e teceu críticas à gestão anterior. Lula também reforçou seu compromisso com os direitos sociais dos brasileiros, principalmente no combate à fome. “Hoje nossa mensagem ao Brasil é de esperança e reconstrução”, afirmou. O presidente ainda falou sobre a situação orçamentária em que recebe o país e agradeceu os parlamentares por viabilizar a aprovação da PEC da Transição. “Os direitos e interesses da população, o fortalecimento da democracia e a retomada da soberania nacional serão os pilares de nosso governo”, ressaltou. Lula ainda disse que ainda hoje irá assinar medidas para reorganizar as estruturas do Executivo. “Minha mais importante missão, a partir de hoje, será honrar a confiança recebida e corresponder às esperanças de um povo sofrido, que jamais perdeu a fé no futuro nem em sua capacidade de superar os desafios. Com a força do povo e as bênçãos de Deus, haveremos der reconstruir este país”, finalizou.
Pela primeira vez desde 1985, um presidente eleito não receberá a faixa presidencial diretamente de seu antecessor. O ex-presidente Jair Bolsonaro deixou o país na sexta-feira, 30, para uma viagem de trinta dias nos Estados Unidos. Ele confirmou que não participaria da cerimônia. Estiveram presentes o rei da Espanha e os presidentes da Alemanha, Angola, Argentina, Bolívia, Cabo Verde, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Guiné Bissau, Honduras, Paraguai, Peru, Portugal, Suriname, Timor Leste, Togo e Uruguai. Representando o presidente do México, virá a primeira-dama, Beatriz Gutiérrez Müller. Os vices-presidentes da China, de Cuba, de El Salvador e do Panamá também compareceram. Entre os organismos internacionais, estiveram o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o secretário-geral da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Ilan Goldfajn, e a secretária-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica. Após a posse institucional, o presidente irá se dirigir para o Palácio do Planalto para subir a rampa e discursar para apoiadores na Praça dos Três Poderes. Posteriormente, Lula e Alckmin irão cumprimentar chefes de Estado e de Governo, além de autoridades internacionais. A agenda do presidente para este domingo ainda conta com cerimônia de posse dos ministros no Salão Nobre, pose para a foto oficial do governo e recepção no Palácio do Itamaraty. Além do evento, estão confirmados shows na região e a expectativa é de que milhares de pessoas compareçam à cerimônia. Se apresentarão artistas como Duda Beat, Baianasystem, Pabllo Vittar, Martinho da Vila e Maria Rita.