A Polícia Federal e a Procuradoria-feral da República (PGR), com apoio da Controladoria-geral da União (CGU) e da Receita Federal, deflagraram na manhã desta quinta-feira, 9, uma operação para desarticular uma organização criminosa envolvida em atos de corrupção e lavagem de dinheiro relacionados à cúpula do governo do Estado do Acre. O governador Gladson Cameli (PP) é alvo desta operação da PF pela segunda vez, tendo sido investigado também na fase anterior. Ele teve o passaporte apreendido — a ideia é evitar uma possível fuga — e não poderá se comunicar com outros alvos da operação. O pai de Cameli, Eladio, e um dos seus irmãos também são investigados — os nomes dos envolvidos não foram divulgados. A assessoria do governador, que cumpre agenda em Brasília nesta quinta-feira, 9, ainda não se pronunciou sobre a situação. A reportagem procurou Cameli e o governo do Acre, mas não obteve resposta.
A Operação Ptolomeu III ocorre desde as primeiras horas da manhã, com ação de mais de 300 policiais, servidores da CGU e da Receita. São cumpridos 89 mandados de busca e apreensão nos Estados do Acre, Piauí, Paraná, Amazonas, Goiás e Rondônia, além do Distrito Federal. A investigação do caso está no Superior Tribunal de Justiça e envolve desdobramento das fases I e II da operação, deflagradas em 2021, quando a organização criminosa foi identificada e relacionada a políticos e empresários do Acre. Os envolvidos foram apontados por desvio de recursos públicos, além de ocultação da origem e destino dos valores subtraídos.
Na Ptolomeu III, a PF busca o ressarcimento de parte dos valores desviados dos cofres públicos. Nesse sentindo, o STJ determinou a indisponibilidade de aproximadamente R$ 120 milhões, por meio do bloqueio de contas e sequestro de aeronaves, casas e apartamentos de luxo adquiridos como proveito dos crimes. Na mesma decisão, 15 empresas investigadas tiveram suas atividades econômicas suspensas por determinação do Tribunal Superior. O STJ decretou ainda inúmeras medidas cautelares como suspensão do exercício da função pública, a proibição de acesso a órgãos públicos, o impedimento de contato entre os investigados e a proibição de se ausentar do país, com a entrega de passaportes no prazo de 24 horas. O passaporte do governador do Acre já foi apreendido na manhã desta quinta.
*Com informações do repórter Bruno Pinheiro