Durante entrevista para a Rádio T, de Foz do Iguaçu (PR), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse nesta quinta-feira (15) que “não quer se comportar de forma apaixonada” acerca dos resultados de votação na Venezuela. O mandatário ainda afirmou que Nicolás Maduro deve uma explicação para o Brasil e para o mundo. Ele disse ainda que “ainda não reconhece” a vitória de Maduro mediante as eleições. A oficialização da conquista de Maduro veio um dia após as eleições, que ocorreram em 28 de julho. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, órgão responsável pela verificação dos votos, proclamou a vitória do candidato do PSUV. Durante a entevista, o presidente contou que a relação com o país vizinho “ficou deteriorada”, já que a situação política da Venezuela “está ficando deteriorada”. “Não é fácil e não é bom que um presidente da república de um pais fique dando palpite sobre a política de um presidente de outro país. Eu mantenho relações com a Venezuela desde quando tomei posse em 2002, tive muita relação com o [Hugo] Chavéz […]. E essa relação ficou deteriorada porque a situação política lá está ficando deteriorada na Venezuela”, afirmou Lula.
“Conversei com o Maduro antes das eleições, agora não conversei, mas dizendo para o Maduro que a transparência e a legitimidade do resultado é o que iria permitir que a gente continuasse brigando para que fossem suspensas as sansões contra a Venezuela”, explicou.
O petista também destacou a extrema importância de apresentar o resultado das atas das eleições. Conforme o presidente, o Brasil deseja que o Conselho Nacional Eleitoral assuma publicamente quem, de fato, ganhou as eleições.
Lula não parou e ainda disse, claramente, que “ainda não” vê Maduro como presidente eleito. “Sabe que ele está devendo uma explicação para a sociedade brasileira e para o mundo”, disse o petista.
“Ontem eu tive uma reunião com o presidente da Colômbia, anteontem eu tive uma reunião com a Colômbia e com o México, para ver se encontrava uma saída. Tem que apresentar os dados, agora, os dados têm que ser apresentados por algo confiável. o Conselho Nacional Eleitoral, que tem gente da oposição, poderia ser, mas ele não mandou para o Conselho, ele mandou para a Justiça, para a Suprema Corte dele. Eu posso julgar a Justiça de outro país”, afirmou Lula, que ainda afirmou que ligará para Maduro, mas sem especificar datas.
“Fazer um governo de coalizão, convoca a oposição. Muita gente que está no meu governo não votou em mim e eu trouxe todo mundo para participar do governo […]”, sugeriu Lula. “Eu não quero me comportar de forma apaixonada e precipitada, eu quero resultado”, pontuou.
“Eu quero o resultado, se tiver, vamos tratar. O Maduro ainda tem seis meses de mandato, só termina ano que vem. Se ele tiver bom senso, ele poderia fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar uma novas eleições, estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário, que participe todo mundo, e deixar que entre olheiros do mundo inteiro para ver as eleições”, prosseguiu.