Em seu segundo dia de agendas na ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem as duas reuniões bilaterais mais aguardadas da viagem: com os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, às 13h, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, às 16h (horário de Brasília) desta quarta-feira, 20. Questionado sobre seu primeiro encontro presencial com o ucraniano, Lula desconversou e preferiu destacar a pauta com Biden, com quem participa do lançamento de uma iniciativa global para o avanço dos direitos trabalhistas. “Eu não tenho expectativas. A expectativa é de uma conversa de dois presidentes de países, cada um com seus problemas, cada um com suas visões. Eu estou muito interessado na bilateral com o Biden, porque eu acho extremamente importante. É a primeira vez, em 500 e tantos anos da existência do Brasil, que você senta com o presidente da República americana em igualdade de condições para discutir um problema crônico, que é a precarização do mundo do trabalho (…) Nós vamos tentar ver se apontamos para a sociedade, e sobretudo para a juventude, uma alternativa. O que a gente pode fazer para que desperte na juventude a esperança de que ele vai ter garantia de estudar e com esse estudo vai ter um emprego que lhe permita viver dignamente. Se a gente conseguir isso, já valeu a pena”, disse Lula nesta terça, 19.
Depois de ser criticado por não condenar abertamente a invasão da Rússia à Ucrânia, Lula adotou um tom mais neutro nas falas mais recentes sobre o conflito e passou a defender a formação de um grupo de países para intermediar o diálogo. Em seu discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, o brasileiro afirmou que a guerra na Ucrânia escancara a “incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da carta da ONU”. “Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz, mas nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo”, afirmou. Zelensky, que estava na plateia, não o aplaudiu.
Mais tarde, a agenda de Lula ainda tem encontros previstos com o presidente do Paraguai, Santiago Peña, e com o diretor-geral da OMS (Organização Mundial de Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, que foi alvo de duras críticas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a pandemia da Covid-19. Nesta terça, o brasileiro esteve com o primeiro-ministro da Noruega, um dos principais financiadores do Fundo Amazônia. Em seguida, se reuniu com o chanceler alemão Olaf Scholz e concluiu o dia com um encontro com o presidente da Autoridade Nacional Palestiniana, Mahmoud Abbas. De acordo com o Palácio do Planalto, Abbas elogiou Lula por sua fala na abertura em que criticou a incapacidade dos líderes globais de encontrar uma saída para o conflito entre Palestina e Israel. O presidente deve retornar ao Brasil na noite desta quarta-feira, 20.