José Alberto Mujica Cordano, conhecido como Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, faleceu nesta terça-feira (13), aos 89 anos, vítima de um câncer no esôfago. Nascido na periferia de Montevidéu na década de 1930, Mujica teve uma infância difícil, marcada pela perda do pai e pelo trabalho precoce vendendo flores. Ainda jovem, iniciou sua militância política no Partido Nacional, de centro-direita, mas logo migrou para a esquerda, fundando o grupo guerrilheiro Tupamaros, que enfrentou forte repressão do governo militar uruguaio.
Preso em 1972, passou 13 anos encarcerado em condições extremas, sendo torturado e mantido em isolamento. Libertado em 1985 com a redemocratização do país, Mujica fundou o Movimento de Participação Popular, que se tornou um dos principais grupos da coalizão Frente Ampla. Foi eleito deputado, senador e, após ocupar o cargo de ministro da Agricultura, elegeu-se presidente em 2009. Durante seu governo (2010–2015), promoveu reformas históricas, como a legalização da maconha, do aborto e do casamento homoafetivo, além de avanços econômicos e sociais.
Pepe Mujica ficou mundialmente conhecido por sua simplicidade e estilo de vida austero. Morava em uma pequena chácara, doava a maior parte do salário presidencial e dirigia um Fusca 1987. Casado com Lucía Topolansky desde a década de 1970, o casal não teve filhos. Em 2024, revelou ter câncer no esôfago e, meses depois, decidiu interromper o tratamento para viver seus últimos dias em paz. Em sua mensagem final, resumiu sua visão de mundo com uma frase tocante: “A vida é uma bela aventura e um milagre.”