O perigo de fazer bem as mesmas coisas durante tempo demais

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Em um mundo em transformação, o conhecimento que trouxe a empresa até este ponto não é o que a levará ao próximo nível.

 

Ouvi uma vez uma citação intrigante que foi atribuída a John Chambers, ex-CEO da Cisco e autor do livro Connecting the Dots, e que diz que as empresas morrem porque fazem bem as mesmas coisas durante tempo demais. Mas o que significa isso?

 

 

Em time que está ganhando não se mexe! Com certeza já deve ter ouvido esta expressão e talvez até acredite que ela tem sentido. Afinal, por que mudar algo que está funcionando e trazendo bons resultados?

 

 

Depois de um tempo, voltei a estudar e estou fazendo um curso de formação para conselheiro administrativo de empresas, e algumas coisas vem me chamado a atenção. Entre as muitas funções de um conselho administrativo, uma das mais importantes é a de avaliar o grau de risco que uma decisão ou escolha da empresa pode trazer para a manutenção do negócio. Neste sentido, escolhas que tenham um risco alto tendem a ser avaliadas com mais cuidado e, muitas vezes, acabam sendo descartadas em prol da manutenção de algum status quo confortável. Em outras palavras, mexer em time que está ganhando pode ser um fator de alto risco e talvez seja por isso que esta expressão ganhou força e adeptos.

 

 

O que enxergo por trás disso é explicado exatamente pela expressão do John Chambers, ou seja, a liderança da empresa tende a acreditar que possui muito conhecimento e experiência e isso é demonstrado nos bons resultados que conquistam. A cegueira e a arrogância corporativa, e me desculpe, mas não tem jeito mais leve de falar, faz com que a empresa busque uma manutenção dos resultados fazendo sempre a mesma coisa, apenas porque deu ou está dando certo, mas o grande perigo disso é que esta atitude pode ser a escolha pelo caminho que levará a empresa ao encolhimento, irrelevância ou mesmo à morte, talvez mais rápida ou mais lenta, mas ainda assim a um caminho que pode ser sem volta. E temos vários exemplos para citar, como os famosos casos da Kodak, Blockbuster ou mesmo a Sony, Nokia ou Motorola.

 

 

E aqui trago mais uma expressão popular que não conheço a autoria, mas que diz que neste mundo em transformação exponencial que estamos vivendo, o conhecimento que nos trouxe até este ponto não é o que nos levará ao próximo nível. Ou seja, o mundo mudou e continua mudando exponencialmente e o conhecimento e experiência que trouxe uma empresa até ao ponto de sucesso que ela alcançou hoje, não é mais o que a conduzirá neste mundo novo e nem mesmo o que irá manter este sucesso. Novamente lembro dos casos das empresas que citei no parágrafo acima.

 

 

Mas o que fazer então? Bom, não existe uma regra única e muita coisa tem sido colocado como tendências ou caminhos sem volta, como uma estratégia de ESG ou mesmo falar de Transformação Digital.

 

 

Nas minhas palestras costumo dar 3 conselhos simples e que servem para empresas de qualquer porte ou segmento:

1 – ACEITAÇÃO E HUMILDADE – Aceite o fato de que por mais que a sua empresa já tenho alcançado algum sucesso, o mundo mudou, os comportamentos das pessoas mudaram, os modelos de negócios estão mudando e agora a concorrência são com modelos de negócios e não mais com outras empresas e por fim, tenha humildade para compreender que você não tem mais todas as respostas para o seu negócio.

 

 

2 – A EXPERIÊNCIA DO CLIENTE É FATOR DECISÓRIO – Sua empresa foi feita para servir clientes e não servir a si mesma e seus acionistas. Coloque de fato o seu cliente no centro da estratégia e faça todo o modelo de negócio trabalhar em prol dele. Tenha coragem para deixar que os bons resultados sejam uma consequência natural.

 

 

3 – A DIFERENCIAÇÃO DA SUA EMPRESA VIRÁ PELO PROPÓSITO – Tenha clareza do propósito nobre da sua empresa (aquele além do lucro), do motivo pelo qual ela foi criada e existe e faz as coisas como faz. Mas não falo da missão, visão e valores que estão estampadas nas recepções ou nos sites, pois o propósito vem muito antes disso e não é apenas uma frase de efeito. Ele deve ser um desejo real de que motiva, direciona e atrai pessoas para a marca e assim, acaba sendo o grande diferencial da empresa no mercado. Um diferencial único que não poderá ser copiado por nenhuma outra.

Fonte: Exame

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