A Executiva Estadual do Cidadania expulsou na noite desta segunda, 22, o deputado estadual Fernando Cury do quadro de filiados do partido. A decisão foi tomada por recomendação do Conselho de Ética da sigla e é embasada no caso de importunação sexual contra a também deputada estadual Isa Penna (PSOL), ocorrido há quase um ano.
Em 21 de dezembro de 2020, as câmeras do circuito interno da Assembleia Legislativa de São Paulo flagraram o parlamentar colocando as mãos nos seios da colega que, por estar de costas pra ele, não pôde impedir. Punido internamente na Casa, Cury ficou suspenso de suas atividades parlamentares por 180 dias.
A decisão interna do partido foi tomada com ampla vantagem, mas demorou quase dez meses para alcançar consenso. Assinado por Alisson Luiz Micoski, titular do Conselho de Ética do Cidadania, o parecer pela expulsão foi divulgado no dia 10 de janeiro. Nesta noite, com o quórum necessário para o prosseguimento da reunião, o documento foi aprovado com 27 votos favoráveis à expulsão e apenas três contrários. O Estadão apurou que um dos votos contrários foi da vice-prefeita de Araçatuba, Edna Flor.
“O Cidadania cumpre seu papel, enfrentando uma situação onde a sociedade contemporânea vem exigindo novas posturas, principalmente de autoridades, pessoas públicas e aquelas que exercem relevante papel em instituições”, afirmou Alisson. O presidente macional da legenda, Roberto Freire, participou da votação. Ele foi um dos autores da representação contra Cury no Conselho de Ética.
Para a deputada Isa Penna, a decisão do partido “respondeu a todas mulheres que se sentiram assediadas” junto com ela há quase um ano atrás. Ainda, segundo a parlamentar, “a democracia ganha uma vitória feminista”. “Estamos há um ano das eleições no país, que isso também reflita nos candidatos, em quem os partidos irão apoiar e principalmente que tenha igualdade de gênero nas casas legislativas do país todo”, afirmou.
Cury segue como deputado até o fim de seu mandato ou de outra decisão diferente da Alesp. A expulsão do partido não implica em nenhum tipo de cassação. O deputado não usou de seu tempo de defesa na reunião desta noite, mas ainda pode recorrer da decisão ao diretório nacional do Cidadania, mas praticamente sem chance de sucesso. Cury ainda responde pela acusação de importunação sexual apresentada pelo Ministério Público de São Paulo. O parlamentar alega que sua aproximação se deu como um gesto de gentileza mal interpretado e chamou o toque nos seios da parlamentar de “abraço”.
Em nota enviada à imprensa, o deputado disse que “não há o intuito de se fazer justiça, pois, caso fosse essa a intenção, aguardariam o término dos prazos dos recursos na ação judicial para dar andamento a este processo. Para ele, o processo de desligamento é “antidemocrático”. No comunicado, Cury diz que “o partido busca apenas um fato político”, pois, diz ele a justiça ainda nem declarou a sentença dele.
Fonte: ESTADÃO