O terceiro e último debate dos candidatos ao Governo de São Paulo foi palco de novas acusações, trocas de farpas e disputadas entre os cinco primeiros concorrentes no Estado, segundo as pesquisas eleitorais mais recentes. Assim como nos encontros anteriores, novamente o governador Rodrigo Garcia (PSDB), que concorre à reeleição, foi o principal alvo dos adversários, sendo criticado por temas como aumento da carga tributária, obras inacabadas, pedágios e poluição do Rio Tietê. “Rodrigo, as pessoas estão passando fome em São Paulo. Faz 30 anos que o mesmo partido, do qual o senhor faz parte está no poder. Não resolveu [a fome] em 30 anos, qual a confiança que as pessoas vão ter que agora vão resolver?”, questionou Vinicius Point (Novo), durante pergunta sobre o Bom Prato e programas sociais. Em resposta, o governador disse que o Estado tem muitas dificuldades para superar, mas que é o melhor do país. “Quem vive fora daqui tem mais problemas do que quem vive em São Paulo”, rebateu.
O ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) também intensificou sua oposição a Garcia, citando ações feitas pelo governo Doria-Garcia durante a pandemia de Covid-19, falando em restrições ao comércio, aumento de impostos de alimentos da cesta básica e do fechamento de escolas durante a crise sanitária. Da mesma forma, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) também criticou a alta dos impostos, mencionando que o aumento “está fazendo com que as empresas deixem o Estado”, e falou que o tucano esconde seus padrinhos políticos, citando o ex-governador João Doria (PSDB), que abandonou a disputa à Presidência após racha interna do partido. “Para de esconder quem você é. Diga quem você é, assume quem você é e peça voto na sua condição. (…) Discordo do seu governo. Você foi cruel com as pessoas, assim como o governo Bolsonaro também foi cruel com os mais pobres, cruel com quem está passando fome, com cruel com os com as vítimas de Covid-19”, afirmou Haddad.
Apesar das críticas e menções consecutivas ao atual governo paulista, uma série de dobradinhas entre Haddad e Gomes de Freitas deixaram Rodrigo Garcia de lado. Logo no primeiro bloco, situação forçou o tucano a dirigir sua pergunta livre ao candidato Elvis Cezar (PDT), que representa 1% das intenções de votos, segundo última pesquisa do Instituto Ipec, divulgada nesta terça-feira. “[Eles] só discutem questões nacional e deixam São Paulo de lado. A única coisa que Tarcísio e Fernando concordam é quando é para falar mal de São Paulo. Até parece que estão disputando o pior Estado o Brasil”, afirmou Garcia, se colocando novamente contra a influência da polarização Lula-Bolsonaro na disputa local e contra a “tabelinha” dos concorrentes. “Não escolho uma ideia se é de esquerda ou direita. Escolho se a ideia é boa ou ruim, independente da cartilha ideológica. Você acha que essa guerra política vindo aqui para São Paulo, nosso Estado vai ganhar alguma coisa?”, questionou. Em outro momento, Garcia e Elvis protagonizaram outras dobradinhas, após Haddad preferir perguntar sobre cultura com Vinícius Poit, que também detém 1% das intenções de votos. “Você fica rodando para falar mal de mim porque tem medo de disputar a eleição em segundo turno, porque sabe que mais uma vez vou derrotar o PT”, disse Garcia.
No geral, o posicionamento dos candidatos – especialmente dos três primeiros colocados – refletiu bandeiras já defendidas nos últimos debates, com poucas novidades. O ex-ministro Tarcísio de Freitas, por exemplo, novamente focou suas contribuições em promessas envolvendo ações de infraestrutura e relembrou entregas feitas enquanto esteve no governo. O republicano também defendeu, inúmeras vezes, o presidente Jair Bolsonaro e falou em um governo que “entrega resultados e faz acontecer”. “Um governo que concluiu obras inacabadas, que aprovou reformas pró-mercado. Maldades foram feitas pelo Doria e Garcia, que confiscaram aposentados, fecharam escolas, aumentaram impostos, tiraram passe livre de idosos”, enumerou o ex-ministro, após ser questionado por Fernando Haddad se iria trazer o “mau governo Bolsonaro” para São Paulo. “Agiu mal na pandemia, agiu mal com programas sociais, cortou Farmácia Popular, a merenda escolar”, afirmou o petista, que também manteve seu posicionamento de defesa dos legados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).